15-07-2013 16:52 por Filipe d’Avillez
Ao longo dos últimos anos houve vários casos em que os costumes judaicos têm estado em conflito com leis nacionais, sobretudo no caso de abate de animais e de circuncisão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel criticou a Polónia depois de, na passada sexta-feira, o parlamento, em Varsóvia, ter chumbado uma lei que permitiria às comunidades judaica e muçulmana abater animais para consumo de acordo com as restrições particulares das suas religiões.
Israel aludiu ao passado de perseguição dos judeus na Polónia para criticar a medida: “A história da Polónia está intimamente ligada à história do povo judeu. Esta decisão prejudica seriamente o processo de restauração da vida judaica na Polónia”, afirmou o Ministério israelita, em comunicado.
Ao longo dos séculos houve vários casos de perseguição dos judeus na Polónia, mas foi o holocausto, durante a ocupação Nazi, que praticamente aniquilou a presença ancestral dos judeus naquela região, daí a referência do Governo israelita à “restauração” da presença judaica polaca.
Israel pede que o Governo polaco encontre alguma forma de permitir aos judeus residentes naquele país a manutenção das suas tradições.
A lei que tinha sido proposta pelo Governo polaco visava abrir uma excepção para judeus e muçulmanos à ordem de que todos os animais mortos para consumo devem ser atordoados para estarem inconscientes na altura do abate.
As leis que regulam a alimentação para judeus e muçulmanos ordenam, contudo, que o animal deve estar consciente na altura em que é morto. Até ao ano passado aceitavam-se excepções para judeus e muçulmanos poderem abater os animais segundo os seus costumes, mas o supremo tribunal polaco anulou essa excepção, declarando-a inconstitucional.
Solução passa pela importação
Com o chumbo da lei proposta pelo Executivo a situação mantém-se inalterada e os judeus e muçulmanos observantes vêem-se impedidos de comer carne produzida na Polónia, tendo de importar, aumentando o preço.
Donald Tusk, primeiro-ministro da Polónia, que era a favor da passagem da lei, lamentou apenas o tom do comunicado israelita, dizendo que "sobretudo o contexto histórico não é comparável e não se aplica à actual situação”.
Ao longo dos últimos anos houve vários casos em que os costumes judaicos têm estado em conflito com leis nacionais. Na Holanda a câmara baixa chegou a proibir a matança ritual de animais, mas judeus e muçulmanos, apoiados pela Igreja Católica, contestaram a lei e esta acabou por ser chumbada na câmara alta.
Entretanto, também em 2012, um tribunal estadual na Alemanha proibiu a circuncisão, uma decisão que foi adoptada temporariamente em países vizinhos, até ser resolvida pelo Governo, que criou uma lei especificamente para garantir a legalidade de uma prática central para o Judaísmo e o Islão.
Na Europa, actualmente, a Suécia, Noruega, Suíça, Islândia e a Polónia proíbem a matança ritual de animais para consumo, insistindo na necessidade de atordoar o animal antes do abate.
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=114774
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