Centenas marcham pelos animais
DEZEMBRO 30, 2013
1ACerca de 800 pessoas participaram ontem no quinto protesto da Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau, com a lei de protecção dos animais como mote. Os manifestantes insistem na criminalização dos abusos e maus tratos.
Iris Lei
A Praça do Tap Seac recebeu ontem dezenas de cães e gatos que acompanharam cerca de oito centenas de manifestantes vestidos de cor-de-laranja. Os protestantes pediram um calendário para a lei de protecção dos animais e a criminalização dos maus tratos – a proposta do Governo inclui apenas multas, que podem chegar até às 100 mil patacas.
A marcha, organizada pela Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (APAAM), começou na Praça do Tap Seac e terminou na sede do Governo, onde o grupo apresentou uma petição com 6400 assinaturas.
Esta é já a quinta vez que a associação organiza protestos para exigir a entrada em vigor de uma lei de protecção dos animais. Apesar do encontro com o presidente em funções do Instituto para os Assuntos Cívicos Municipais (IACM), Alex Vong, no mês passado, o co-fundador da AAPAM, Yoko Choi, diz-se “desapontado” com as autoridades, por não terem dado uma resposta “concreta” à questão da data de apresentação da proposta de lei. Ao Jornal do Cidadão, Choi manifestou também vontade de que o diploma fosse sujeito a consulta pública antes de ser apresentado ao Conselho Executivo.
Presente na marcha esteve Ng Kuok Cheong. O deputado acredita que o atraso no diploma se deve ao facto do IACM “recear uma fraca implementação da lei” e também devido às mudanças da direcção da estrutura – Alex Vong veio substituir, em Junho, o presidente Raymond Tam.
Durante a marcha os manifestantes entoaram palavras de ordem, como “Passados seis anos de espera, quando é que a lei contra os maus tratos dos animais vai ser implementada?”, “Respeitar a vida, estabelecer uma lei de protecção dos animais” e “Uma sociedade harmoniosa não tolera matanças”. Além de participantes de Macau, a manifestação contou com presenças de Singapura, Malásia e Hong Kong.
Entre os protestantes estava o mexicano Ricardo Iniguez. Foi a primeira vez que o morador de Zhuhai veio a Macau. “Gostava de contribuir para a criação de uma lei para proteger os animais, de modo a garantir que estas adoráveis criaturas são tratadas da forma que merecem”, comentou Iniguez.
Apesar de viver na China, onde existe o hábito de comer animais domésticos, Iniguez não se acostumou à ideia. “Seria como comer a minha filha”, afirmou. O mexicano adoptava animais abandonados com frequência mas foi obrigado a deixá-los com organizações locais quando partiu para a China.
Bonnie Iu, outra das participantes, considera que as penalizações por maus tratos a animais são “demasiado leves” em comparação com Hong Kong e outras cidades vizinhas. A residente de Macau acolhe 90 cães que até então estavam abandonados. Iu acusa o Governo de “atrasar” a legislação por “tantos anos” e defende que o diploma passe por uma consulta pública. Participou em todas as manifestações organizadas pela APAAM e salienta a importância de se agravar as penalizações. “[Aplicar multas] significa que os ricos podem maltratar os animais mas os pobres não podem”, criticou.
Na marcha estava também Peggy Leong, que concorda com Iu: as multas têm um “poder dissuasor insuficiente”. Os agressores devem ser obrigados a um determinado número de horas de serviço social, sugere. A situação é grave, frisa a veterinária, que relata casos de animais atados por cordas ou com membros cortados que chegam ao consultório uma a duas vezes por semana.
Pereira Coutinho leva protecção dos animais à Assembleia
O projecto de lei que confere protecção jurídica aos animais vai ser uma das próximas iniciativas a ser apresentada à Assembleia Legislativa, disse ontem ao PONTO FINAL José Pereira Coutinho. O deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) referiu que a protecção dos animais é “uma das principais tarefas que o Governo e os deputados devem assumir” nesta legislatura. Pereira Coutinho havia já apresentado um projecto de lei que previa penas de prisão até três anos para quem exercesse violência injustificada e crueldade contra animais. O projecto de lei apresentada em Abril deste ano foi, todavia, rejeitada pela Assembleia Legislativa. Na altura, nove deputados votaram contra, nove abstiveram-se e apenas quatro votaram a favor. C.A.
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2013/12/30/centenas-marcham-pelos-animais/
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